
A Polícia Federal investiga a morte da estudante de enfermagem Anne Caroline Nascimento, de 23 anos, durante uma abordagem de agentes da PRF na noite de sábado (17), na Rodovia Washington Luiz (BR-040), em Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Em nota, a PRF informou que a mulher foi atingida por disparos que teriam sido realizados pela equipe no local, “após acompanhamento tático a veículo suspeito em fuga”. Acrescentou que a vítima foi imediatamente socorrida por policiais, mas morreu durante a madrugada de domingo no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, no Rio.
A família da jovem, no entanto, contesta a informação da PRF. O blog ouviu Janete Nascimento, tia da vítima, que contou que o casal retornava de uma comemoração de 7 anos de união, quando foi abordado pelos agentes. De acordo com ela, Alexandre Melo, marido da estudante, atendeu a ordem dos policiais e parou o carro, mas, ainda assim, o casal foi atingido por dez disparos feitos pela equipe.
Conforme a Polícia Rodoviária Federal, a ocorrência foi encaminhada à Polícia Federal e o policial que teria efetuado os disparos ficou na unidade aguardando a audiência de custódia. No domingo (18), o servidor foi solto pela justiça federal.
Segundo a PRF, a corregedoria da corporação acompanha as investigações e abriu um procedimento para apuração interna.
“O policial foi preventivamente afastado das atividades operacionais e segue à disposição da justiça”, informou a nota.
Tiroteio
Uma outra vítima está internada no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Maria Cláudia dos Santos, de 54 anos, foi ferida no tórax. Segundo o marido, José Vitório dos Santos, que estava no carro com ela, o casal enfrentou um tiroteio no mesmo local e a mulher foi atingida.
Sobre essa ocorrência, a Polícia Rodoviária Federal informou que, “de acordo com o registro efetuado na Polícia Federal e declarações dos policiais, no local só foi identificada uma mulher baleada”. Destacou que a Polícia Federal também investigará para apurar se houve outras vítimas durante a abordagem.
Uso da força
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que veio ao Rio para assinar com o governador Cláudio Castro termo de cooperação para o fortalecimento da segurança pública no estado, disse que é absolutamente contra o uso imoderado ou errado da força policial e que o caso está sendo apurado para que tudo seja esclarecido.
Acrescentou que não poderia adiantar uma decisão sobre o agente da PRF, porque caberá a ele a decisão do que será feito quando o processo de apuração for concluído, mas garantiu que a orientação é enfatizar na corporação que o uso da força é legítimo até que seja proporcional à ocorrência. “Quando o uso da força é desproporcional, desnecessário, aquilo que inicialmente era legítimo se torna ilegítimo”, disse.
O ministro contou que houve uma narrativa inicial da equipe de que haveria uma fuga no local e que o casal não teria obedecido a ordem de parar [o carro].
“Evidentemente, as circunstâncias exigem que a equipe seja ouvida para saber o momento em que houve aquela atitude e porque houve tal atitude. Há uma narrativa inicial sobre fuga e sobre não obedecer às ordens policiais e é claro que tudo isso vai ser apurado”, opinou.
Em relação às ações policiais em geral, segundo o ministro, valem as mesmas orientações quanto ao uso da força. O ministro da Justiça acrescentou que o Brasil e grande parte dos países fronteiriços estão em uma situação que exige uma presença mais forte das autoridades dos governos e da polícia, porque lamentavelmente nos últimos anos – por uma série de fatores, inclusive com a proliferação irresponsável de armas – houve a ampliação do poder das organizações criminosas.
*Com informações da Agência Brasil