
O dia começou tenso para quem passava pela Avenida Brasil e pela Linha Vermelha, no Rio. Por volta das 6h30, o trânsito em ambas foi fechado. Do que se tratava? Do início de uma megaoperação da Polícia Civil no Complexo de Israel, na Zona Norte, que terminaria com 20 presos, a descoberta de um novo espaço de lazer e a demolição de uma falsa igreja. (Vídeo ao final da matéria)
A ação da Polícia Civil do Estado do Rio teve como objetivo cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP). A maioria dos alvos não tinha antecedentes criminais, mas desempenhava um papel importante na organização criminosa.
A Polícia Civil age com investigação e inteligência. Tiramos do anonimato pessoas que passavam despercebidas pela polícia. Criminosos que tinham a função de organizar manifestações contra a polícia, atear fogo em barricadas”, explicou o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi.
O secretário de Segurança, Victor Santos, ressaltou que Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão — um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP), considerado um dos traficantes mais perigosos do estado — não era alvo da operação. “Atrás de um líder, existe uma estrutura de pessoas que viabiliza aquela organização criminosa”, detalhou.
Novo espaço de lazer
Durante a operação, os agentes encontraram o que seria uma nova área de lazer do Complexo de Israel. Segundo informações publicadas pelo g1, o espaço começou a ser construído a mando de “Peixão”, após a descoberta do “Resort Green”, atribuído a ele, em outubro.
O “clube”, que já tinha uma piscina pronta, ainda estava em construção. Em um dos lados do terreno, o que parecia ser um bar com churrasqueira ainda estava no tijolo. No entanto, o imóvel estava vazio, e ninguém apareceu para reivindicar a propriedade. Na porta, uma frase dizia: “Deus é o dono do lugar.”


Falsa igreja demolida
A Polícia Civil também informou que demoliu, com autorização judicial, uma construção irregular dos traficantes, usada como torre para ataques contra a polícia. O que chama a atenção é que o espaço funcionava como uma falsa igreja, com o objetivo de despistar as forças de segurança.

Utilizado para prática criminosa, o local contava até com púlpito e assentos para fiéis. Ao mesmo tempo, havia seteiras — aberturas nas paredes utilizadas para apoiar armas e dificultar a identificação da origem dos disparos.
A operação foi considerada pela Polícia Civil como complexa, mas, ao mesmo tempo, um “sucesso”, com seu principal objetivo alcançado: “tirar do anonimato narcoterroristas”.
Havia uma equipe especializada em abater helicópteros. Ficam em locais privilegiados na comunidade para atirar em aeronaves da polícia e da imprensa. Um desses elementos foi preso com fuzil com luneta para atirar e tentar atirar nos alvos. Agora eles (criminosos) não vão dormir mais tranquilos. Estamos gerando para eles a mesma intranquilidade que eles geram para o morador da favela que é oprimido 24 horas por dia”, disse Curi.