
Um grupo de escritores campistas publicou, na quarta-feira (19), uma carta aberta nas redes sociais para protestar contra a XII Bienal do Livro de Campos, prevista para acontecer em março no Cepop. No comunicado, eles afirmam que não participarão do evento devido à negligência da organização, que está a cargo da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Os artistas alegam que estão sendo colocados em uma posição secundária no encontro literário. O grupo classificou a atitude como “falta de reconhecimento e apoio aos escritores campistas na organização”. A reportagem do Manchete RJ entrou em contato com a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima pedindo um posicionamento sobre o caso, que rebateu a nota afirmando que haverá espaço para os escritores do município. Confira a resposta na íntegra:
A FCJOL informa que, na XII Bienal, haverá espaço para os autores a autoras do município. Haverá mesas totalmente dedicadas à poesia campista e à personalidades da literatura local. Teremos quatro estandes para nossas academias literárias. Teremos, também, espaço para os autores independentes lançarem seus livros. Haverá, também, uma programação local, 100% idealizada por nossas academias, para a qual será utilizada, além dos seus espaços nos estandes, as demais áreas da Bienal. Além do estudo e imensa expectativa para que o alcance da política pública que abrange o Credlivro do Professor e a Notinha Legal dos alunos chegue, pela primeira vez, aos nossos escritores. Além disso, ainda há outras mesas sendo elaboradas, voltadas para a literatura campista. Quase todas as mesas do evento terão a mediação de intelectuais campistas.

A Prefeitura de Campos contratou Suzana Vargas como curadora do encontro com o valor de R$ 169.400,00, sendo destinados à empresa de Suzana. Ela coordenará a equipe responsável pelo trabalho de curadoria, que inclui a concepção, planejamento, contratação e organização dos mais de 80 eventos planejados para a Bienal.
Confira a carta dos escritores na íntegra:
Nós, escritores, artistas, produtores culturais e cidadãos comprometidos com a valorização da literatura e da cultura local, manifestamos nosso profundo repúdio à falta de reconhecimento e apoio aos escritores campistas na organização da Bienal do Livro.
A Bienal, que deveria ser um espaço democrático para a valorização da literatura em sua diversidade, tem negligenciado sistematicamente os talentos locais, relegando escritores e academias a uma posição secundária. Enquanto investimentos são direcionados para convidados de fora, nossos autores, que constroem e fortalecem a cena literária da cidade ao longo do ano, são marginalizados, sem espaço adequado para exposição, divulgação e participação em painéis de debate.
Essa postura não apenas desrespeita o esforço dos escritores campistas, mas também ignora o papel da literatura como ferramenta de transformação social. A literatura local precisa ser reconhecida e promovida com o mesmo empenho que é dado às grandes editoras e figuras já consagradas.
Deixar- nos no escuro frente à organização do evento, anular as opiniões dos conselheiros, faz com que percebamos inutilidade de se formar um conselho, onde suas falas não são consideradas.
Nós, não nos sentimos respeitados em nossos fazeres e contribuição para a Cultura dessa cidade.
Diante desse cenário nos isentaremos de participar dessa edição do evento.
Pois estará claro para nós, que nossa participação não tem significância frente à instituição organizadora.
Lembrando que, a não participação de escritores da cidade em um evento desse porte é um retrocesso e mostra que culturalmente Campos não avançou.
Seguiremos mobilizados, A cultura de Campos dos Goytacazes não pode ser silenciada!
Atenciosamente
ESCRITORES APOIANDO A CARTA DE REPÚDIO.
-Cris Lemos
-Ana Souza
-Gildo Henrique
-Marcelo Perez
-Ivan Junior
-Sol Figueiredo
-Rafael Martins
-Fabiano Silva
-Eryca Pereira da Silva”