
A situação das famílias que tiveram suas casas inundadas pelo rompimento de adutora da Rio + Saneamento em Santíssimo, Zona Oeste do Rio, neste sábado (25), segue dramática mesmo 24 horas após o incidente. O chão repleto de lama, a falta de água para limpar as casas e a incerteza quanto o futuro são as principais queixas dos moradores da Estrada do Lameirão.
A cuidadora de idosos Soraia dos Santos Carneiro, de 45 anos, estava trabalhando no sábado e, por isso, só conseguiu ver o estrago deixado pela inundação na sua casa neste domingo. O imóvel, de apenas dois cômodos, estava completamente revirado e devastado pela lama.
“É muito triste ver isso. Acabou com tudo. Tudo que eu tinha. Um prejuízo sem tamanho. Perdi geladeira, fogão, televisão e, por pouco, não perco a minha gatinha, que conseguiu sobreviver porque ficou em cima de um móvel”, comentou a moradora da região.
Soraia conta que viu as fotos e vídeos da água invadindo a rua, mas não esperava que o nível tivesse subido tanto. “Faz pouco tempo que fui contratada, trabalho para uma família que tem uma idosa com Alzheimer, então não podia me ausentar. Não posso perder meu emprego”, contou.
A cabeleireira Beatriz Margarida, de 33 anos, que tem um salão na estrada atingida pela enchente, lembra que só conseguiu salvar suas coisas porque percebeu o volume da água subindo. “Meu salão também entrou água, mas só até o rodapé e eu consegui levantar os móveis, mas as minhas tias não. Elas perderam tudo”, contou.
As tias idosas da cabeleireira, de 62 e 67 anos, segundo ela, não tiveram a mesma sorte. As duas casas das familiares fica em um quintal onde tudo foi levado pela água. Beatriz explica que tudo aconteceu muito rápido e que nem todos tiveram tempo de reagir, como foi o caso das próprias tias.
“Foi rápido. Quando elas viram a água já estava alta. A sorte é que a Cedae desligou tudo. Se não, a tragédia seria muito pior. Imagina se isso tivesse acontecido de manhã, ás 6h. A gente demora tanto para construir as coisas e acaba tudo em minutos debaixo d’água”, lamenta.
O autônomo Edvaldo Cândido, que tentava retirar o que sobrou da sua casa, neste domingo, fala sobre a necessidade do apoio das autoridades. “Perdi tudo, perdi tudo e não tenho condição de nada. Minha casa está rachada e estou esperando a prefeitura me arrumar um cantinho. Precisamos de um lugar para ficar até recebermos o ressarcimento da empresa”, comentou
O prefeito Eduardo Paes voltou a visitar o local, neste domingo, para acompanhar o trabalho das equipes das secretarias de Casa civil, Assistência Social, Conservação e também da Comlurb, que atua na limpeza da região. A prefeitura, inclusive, montou uma base operacional na região para prestar apoio aos moradores.
Soraia conta que conseguiu se cadastrar para receber ajuda: “Não deve ser muito, mas já vai nos ajudar a construir tudo que perdemos aqui com essa tragédia”, comentou.
A Cedae também atua na região para reparar a tubulação que ficou danificada por conta do rompimento da adutora. O reparo bloqueou totalmente a estrada do Lameirão, onde foi aberta uma cratera para a troca de uma tubulação.
Procurada neste domingo, a Rio + Saneamento, concessionária responsável pela adutora, esclareceu que equipes da concessionária continuam trabalhando na região de Santíssimo para reparo da adutora e restabelecer o abastecimento o mais rápido possível. O vazamento foi contido no fim da manhã de sábado.
Sobre o suporte às famílias, a concessionária garantiu que todas as casas atingidas já foram vistoriadas para avaliação de danos e ressarcimento. Ao todo, 95 famílias foram cadastradas. “Desde sábado, todas elas também estão sendo assistidas com água, alimentação e carros pipa. Com apoio da Comlurb, a limpeza das casas impactadas será finalizada até a segunda-feira”, disse a empresa.
Durante o reparo da adutora, alguns bairros ainda podem ser impactados com redução no abastecimento: Santíssimo, Senador Vasconcelos, Senador Camará, Campo Grande, Guaratiba e Ilha de Guaratiba, além de alguns bairros em outras áreas de concessão.