
Não é mais segredo que as apostas esportivas, as famosas bets, viraram uma febre mundial — e no Brasil não é diferente. Os brasileiros apostam cerca de R$ 30 bilhões por mês, segundo estimativas do Banco Central (BC) divulgadas em abril deste ano. Para tentar estancar os gastos excessivos, o Governo Federal endureceu as medidas e passou a regulamentar as bets. Atualmente, mais de 138 plataformas podem atuar legalmente no país.
As apostas funcionam da seguinte forma: se você acertar o seu bilhete, você ganha — o famoso “deu green”. Se perder, é o temido “deu red”. Buscando entender esses dois lados, o Manchete RJ ouviu um apostador campista de renome no mercado das apostas e uma psicóloga, para falar sobre os malefícios que o vício nessa prática pode causar.
A rara glória nas apostas
Ramon Nascimento, conhecido como Camillo Joga 10, é campista e conta com mais de 545 mil seguidores nas redes sociais. Em seu perfil, ele compartilha dicas, estratégias e mostra seus lucros com as apostas esportivas. Ramon também vende cursos sobre o tema.
Como estou há muito tempo no mercado, já conheço o mercado de apostas desde 2009. Mas, profissionalmente, trabalhando com isso diretamente, já vai fazer três anos. O que me faz ser um apostador lucrativo é conhecer muito bem o mercado, que está muito aquecido nos últimos anos, e a tendência é aquecer mais. Porque, onde você olha, vê publicidade de apostas: redes sociais, televisão… Qualquer coisa relacionada a esporte hoje tem apostas inseridas, né? E isso traz uma responsabilidade muito grande também para quem está no meio”, explicou.
Camillo Joga 10 reconhece que é uma exceção em um meio onde mais se perde do que se ganha. Na visão dele, isso acontece principalmente por falta de conhecimento dos apostadores.
“A falta de conhecimento está atrelada aos apostadores perderem dinheiro. Na verdade, o próprio Google diz que aposta é entretenimento, que nunca se pode ver como forma de investimento. Sabemos também que não podemos negar que existe uma parcela — de 1% a 2% dos apostadores — que tem um nível de conhecimento muito alto e que, de fato, consegue lucrar com as apostas esportivas. Mas essa não vai ser a realidade da grande maioria”, concluiu.
A dor do red
A psicóloga Dilma Dias faz um alerta para os danos que a sensação constante do “perde e ganha” pode causar na saúde mental.
A euforia do ‘perde e ganha’ provoca oscilações emocionais que causam irritabilidade e, em alguns casos, agressividade. Consideramos um jogador compulsivo quando a necessidade de jogar se torna incontrolável, prejudicando a capacidade de tomar decisões racionais e de resistir ao impulso de apostar”, disse a psicóloga.
Dilma também fez um alerta: vício é doença.
“A frustração com as perdas ou a incapacidade de parar de jogar podem levar a sentimentos de ansiedade, tristeza profunda e até mesmo depressão. Conscientes dos riscos, é importante se prevenir e buscar ajuda profissional ao perceber os sinais. Os vícios precisam ser encarados como uma doença. O tratamento adequado pode ajudar a retomar o controle e a construir uma vida mais saudável e equilibrada.”