
Detalhes da rotina de violência praticada pelo estudante de medicina, Carlos Eduardo Aquino, que matou a própria mãe atropelada, foram revelados nesta quarta (13), pela irmã dele, Lara Aquino, que participou ao vivo do programa da rede Globo, Encontro com Patrícia Poeta. Lara revelou, por exemplo, que o irmão começou a praticar as agressões contra a mãe, Eliana, quando tinha por volta de 17 anos e que ele se aproveitava principalmente da ausência do pai, que viajava para trabalhar como representante de medicamentos, para cometer os abusos.
Com o passar do tempo e Lara tomando entendimento da situação, ela passou a tentar defender a mãe e logo também começou a apanhar do irmão. Ela também relatou que por várias vezes procurou ajuda, inclusive acionando a polícia. “Eu me lembro de com 10, 11 anos de idade, ir à delegacia sozinha, chorando, desesperada, pedindo ajuda, porque eu não sabia, eu era uma criança, eu não estava entendendo o que estava acontecendo, mas à medida que eu fui crescendo e fui tomando mais consciência, eu percebia que não podia ficar assim”, disse Lara.
Em outro trecho da entrevista, Lara conta que o irmão tinha muita força física. “Ninguém conseguia parar ele, porque ele começou a ficar forte, começou a trabalhar com fisiculturismo, ele era imparável, ele se sentia o Huck assim, sabe? Ele quebrava tudo que tinha pela frente, ele enfrentava qualquer um! Eu cheguei a denunciar várias vezes e todas as vezes que eu cheguei a delegacia sozinha, foi praticamente impossível, pra não dizer impossível, completar uma denúncia”, ressaltou a jovem.
A apresentadora Patrícia Poeta perguntou por que e Lara respondeu que quando ela falava que a vítima era a mãe, que os policiais diziam que somente a pessoa que foi agredida que poderia prestar a ocorrência.
Perguntada sobre o comportamento da mãe em relação às agressões do Cadu, Lara disse que a mãe tinha esperança que o irmão melhorasse o comportamento. “Ela era mãe, ela pensava que ele fosse melhorar, ela tinha muito amor pelo filho. Imagina, você gerar uma criança, você cuidar, você criar, e com o passar do tempo, esse amor se transformou num medo, porque ela via a violência, mas ela era vítima. Ela sempre teve medo!
Lara ainda revelou um acontecimento estarrecedor, numa ocasião em que ela foi agredida pelo irmão: “Até quando os policiais foram à nossa casa, quando eu fui agredida, inclusive os policiais me viram “desconfigurada”, tinha tudo pra ter uma prisão em flagrante, os policiais chegaram a me assediar e não levar meu irmão preso. Meu irmão conseguiu, inclusive, manipular os policiais. Os policiais ficaram ali conversando com meu irmão, pegaram, foram embora e nada aconteceu. Eu tinha 19 anos e nesse dia que eu que eu gravei o áudio, que foi exposto a mídia (Exibido aqui com exclusividade pelo Manchete RJ).
Sobre o comportamento do pai, Eduardo, Lara revelou que ele era refém da situação e que entrou num modo de não dizer não para o irmão, com medo das reações dele, como bater na família e quebrar o que via pela frente.
Lara relatou que o irmão quebrou o carro da mãe por duas vezes, intencionalmente, quebrou o carro da irmã e que os telefones celulares que ele destruiu foram vários. Ela também contou que o pai vendeu todos os bens para pagar a faculdade de medicina para Carlos Eduardo e que estava com dívidas no banco e que por isso ela deixou o carro dela em Campos, para que ele pudesse trabalhar.
Julgamentos da internet
Ela também fez questão de falar sobre os julgamentos que ela e a família vem sofrendo na internet, o que ainda causa mais sofrimento. “Eu tenho sido muito julgada e o meu pai também, sobre a omissão, “Como assim você tá filmando e você não tá ali defendendo?”. Eu gostaria de pontuar: O primeiro ponto; eu defendi todas as vezes e eu fui agredida todas as vezes e nada aconteceu, eu recorri à Justiça e nada aconteceu, então se a minha palavra não bastava, então uma prova, provavelmente bastaria. Aquela foi a única vez que eu não interferi, porque se ele me vê gravando, ele quebra o celular e eu perco a prova, assim como ele já tinha feito outras vezes”, pontou Lara.
A apresentadora Patrícia Poeta chamou a atenção para o fato das pessoas na internet falarem que ela “abandonou a família”, sem se importarem com o sofrimento que a jovem está passando. “”Zero empatia, as pessoas ainda culpando você, eu achei isso um absurdo”, disse Patrícia.
Lara disse que nesse momento está 100% focada em cuidar do pai dela, que está muito afetado emocionalmente. Ela também destacou que saiu de casa, porque percebeu que dentro daquele ambiente, em que os pais dela já haviam adoecido, que ela também estava adoecendo. Ela destacou que precisava ter liberdade financeira e emocional, para ajudar os pais a saírem do ambiente que convivam com esse filho que “Só abusa, tira, suga, a vida, o sangue”, destacou Lara, que ainda disse que a família tinha conhecimento que ele utilizava cocaína, mas que desconfiava que ele já estivesse utilizando uma droga ainda mais pesada, que é o crack. “Cocaína é o que a gente tem certeza, né, eu não posso afirmar outras drogas, mas ao que tudo indica, pelas evidências, a gente imagina que crack também”, disse.
A apresentadora chamou a atenção para o fato de que Carlos Eduardo, além de violento, também seria ingrato, porque a família acabou contraindo dívidas para que ele tivesse a oportunidade de cursar medicina.
Lara disse que o irmão estava a um mês de formar e listou tudo que a família precisou se desfazer para custear os estudos de Cadu: “O meu pai vendeu uma casa, vendeu o carro dele, o carro da minha mãe, vendeu uma moto, pegou vários empréstimos”, detalhou.
“O meu pai deu tudo o que ele tinha para poder formar esse filho”. “Fazia por amor e por dependência,, porque á era uma doença”, lamentou a jovem.
Trechos dessa entrevista podem ser vistos ao longo do dia no nosso instagram @MancheteRJ.