
O governo do RJ pretende recorrer das decisões do Tribunal de Justiça fluminense que autorizaram a volta, a presídios do estado, de chefões do tráfico de drogas.
Luiz Cláudio Machado, o Marreta, já regressou ao RJ e foi levado para Bangu 1. Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, pode retornar a qualquer momento. A cúpula da segurança do RJ quer que eles fiquem em presídios federais.
Serão apresentadas à Justiça “novos elementos que justifiquem a permanência dos dois nos presídios federais”. Um relatório dos órgãos de inteligência será encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e ao Judiciário “o mais rápido possível”.
Ida de dezenas de presos para fora do estado
O governo também elabora uma lista com pelo menos 30 traficantes presos para que eles sejam transferidos para penitenciárias federais. A proposta teria sido apresentada ao procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, no último dia 11 de outubro, quando o governador Cláudio Castro (PL) esteve na sede do MPRJ.
O objetivo de Castro é evitar uma enxurrada de habeas corpus para traficantes, como os que aconteceram em junho, quando o estado decidiu transferir para presídios federais 31 criminosos.
À época, o TJRJ impediu que pelo menos 7 deles fossem transferidos. Na grande maioria das decisões, os magistrados entenderam que as transferências não garantiram o contraditório judicial. Ou seja, o MP e as defesas não foram ouvidas.
Para evitar que isso aconteça novamente, foi montado um Comitê de Inteligência com as forças de segurança do Estado [Secretaria de Administração Penitenciária, Polícia Militar e Polícia Civil], além do MPRJ, para definir os detentos a serem transferidos.
Um relatório individual de cada preso está sendo preparado detalhando a conduta e a necessidade da saída do estado.
Quem são os chefões
Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157
Preso desde dezembro de 2017, Rogério começou no crime como segurança pessoal de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, na Zona Sul do Rio. O comparsa acabou se transformando em um desafeto.
Em 2010, Rogério 157 foi preso na invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado — 6 pessoas morreram na ação. Em 2012, ele foi libertado por um habeas corpus.
Rogério causou a ira do antigo chefe após mandar executar homens do grupo de Nem e expulsar da favela a mulher do ex-chefe, que pretendia herdar o poder do marido.
Para tirar Rogério 157 do controle do crime em uma área da comunidade, homens de Nem invadiram a Rocinha e causaram um grande conflito.
As forças de segurança do Rio, com o apoio das Forças Armadas, entraram na Rocinha. Mesmo assim, Rogério conseguiu fugir. Ele acabou preso depois pela Polícia Civil na comunidade do Arará, na Zona Norte.
Rogério 157 estava encarcerado desde 2018 na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. As penas das quatro condenações na Justiça que possui somam 61 anos.
Luíz Cláudio Machado, o Marreta
Marreta é um dos chefes do Comando Vermelho. Comandou o tráfico no Complexo do Lins e no Jorge Turco, em Coelho Neto, e ficou responsável pela chegada de cocaína às favelas cariocas dominadas pela facção.
Ele foi investigado pela invasão, em 2009, do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, quando um helicóptero da Polícia Militar foi alvejado, provocando a queda da aeronave e a morte de três PMs.
Foi Marreta quem idealizou a tomada da Praça Seca, antes reduto só da milícia, pelo tráfico de drogas, em 2010. A guerra pelo controle de comunidades na região se arrasta até hoje e é um dos focos de terror que assola moradores do Rio nos últimos anos.
Em 2013, o traficante tinha fugido por um túnel construído no esgoto, na companhia de mais 26 detentos, do Instituto Penal Vicente Piragibe, que faz parte do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Foragido, passou a coordenar a atuação da organização criminosa e a distribuição de armas e drogas pelas comunidades. Marreta também deu a ordem para atacar sedes de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), ao longo de 2014.
Em dezembro daquele ano, Marreta foi recapturado no Paraguai, em uma ação conjunta com autoridades dos dois países.
*Fonte: g1
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