O Governo do Rio de Janeiro pretende levar para os 92 municípios do estado conhecimento, capacitação e planejamento para o enfrentamento coletivo das consequências da mudança climática. A primeira prioridade do programa é atuar nas regiões mais vulneráveis do estado. Sendo assim, três cidades da Região Serrana apareceram na lista de prioridades, sendo Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis.
As outras seis cidades selecionadas que demonstram maior urgência na necessidade de adaptação para os efeitos das mudanças climáticas, são: Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Belford Roxo.
Entenda o projeto
No Dia Mundial do Meio Ambiente, nesta quarta-feira (5), a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e a ONU-Habitat lançam o projeto Rio Inclusivo e Sustentável. Essa iniciativa pretende desenvolver planos de ação para que cada uma das cidades possa fortalecer a resiliência urbana e climática.
A proposta consiste em:
- formular políticas públicas sustentáveis;
- qualificar os gestores para a criação de uma estratégia de resiliência urbana e climática;
- e capacitar a sociedade sobre o tema.
A principal contribuição do programa será ampliar a cultura de sustentabilidade no estado e fomentar o debate sobre como evitar as tragédias que podem ocorrer por conta da nova realidade climática do planeta.
Entre as ações previstas estão:
- o desenvolvimento de ações de prevenção e mitigação de desastres;
- o fortalecimento de capacidades técnicas dos municípios;
- o aperfeiçoamento de sistemas de monitoramento e uso de dados;
- a inovação na gestão pública;
- e a mobilização e participação da comunidade.
Todos os resultados serão baseados nos princípios da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e da Nova Agenda Urbana, tendo como base metodologias globais do ONU-Habitat, que é o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos.
No primeiro momento, o objetivo do programa é desenvolver planos de ação climática para cada uma das cidades. Equipes do governo do estado e da ONU-Habita vão rodar todas as regiões do estado para reunir gestores públicos e a sociedade civil. O objetivo é passar conhecimento e entender as particularidades de cada área.
“A gente sabe que as cidades precisam se preparar para enfrentar as mudanças do clima e é isso que o projeto se pretende”, disse Leta Vieira de Sousa, presidente da ONU-Habitat Brasil.
“Esse projeto tem 13 produtos e vai atuar nas 9 regiões hidrográficas do estado. Vamos oferecer equipamentos e ferramentas para que os municípios saiam mais fortes na sua capacidade de resiliência. Vamos orientar para que eles se preparem para as próximas chuvas, para estarem mais adaptados, no sentindo de conseguir soluções que impeçam os impactos provocados”, acrescentou a especialista.
O projeto Rio Inclusivo e Sustentável é baseado na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015. Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030.
Entre as 17 ODS, o programa desenvolvido pelo governo do Rio de Janeiro pretende abordar os seguintes tópicos:
- Água potável e saneamento
- Cidades e comunidades sustentáveis
- Combate às alterações climáticas
- Vida de baixo d’água
Para a presidente da ONU-Habitat Brasil, Leta Vieira de Sousa, o plano do Rio de Janeiro pretende mais que dobrar o número de planos de ação de municípios brasileiros.
“Ao final, vamos ter 9 planos de ação climática, um para cada um dos municípios do Rio. Hoje, no Brasil a gente só tem 8 capitais com plano de ação climáticas publicados. Ou seja, com isso vamos mais que dobrar esse número”, comentou Leta.
O Rio Inclusivo e Sustentável não tem autonomia para impor prazos ou determinar como cada um dos municípios vão enfrentar as mudanças climáticas. Segundo os técnicos, o programa tem um papel de orientação e capacitação.
De acordo com o secretário Bernardo Rossi, o envolvimento da população de cada um desses municípios será determinante para que os gestores públicos façam investimentos para amenizar as consequências das tragédias naturais.
“Não existe nenhum plano que tenha um lado só. O planejamento estratégico que nós vamos desenvolver depende da vontade política dos municípios para ser colocado em prática. (…) Não quero acreditar que os gestores não vão abraçar”, comentou Rossi.
Contudo, nem tudo que será ensinado nos municípios necessitará de grandes investimentos, como a retirada de habitações das encostas, a recomposição de mata ciliar ou as obras para desassoreamento de rios. Rossi lembra que as cidades podem evoluir muito se forem mais organizadas e precavidas, diante de possíveis tragédias.
“A gente vai apresentar muitas coisas que não tem custo, como as sirenes de alerta e os planos de evacuação. Tem muita coisa que é mais um trabalho de organização e preparo do que apenas gasto. A maioria das coisas você consegue com capacitação”, completou Rossi.
*Com informações de g1