
A 63ª Exposição Agropecuária e Industrial de Campos foi encerrada no último domingo (11) e deixou reflexões. A queda no número de público, a ausência de diferentes atrativos e o elevado valor dos ingressos foram pontos específicos que chamaram a atenção. Além disso, há quem diga que as movimentações do agronegócio, da área comercial e da parte gastronômica ‘perderam força’, sendo visivelmente nítido para quem marcou presença no evento.
A que já foi reconhecida por ser a maior do interior do estado em diferentes meios, hoje em dia já não é mais vista desta maneira por muitos, inclusive pelos moradores da própria cidade. E esses fatores se refletem no número de público que compareceu aos quatro dias de evento. Vale ressaltar que a ExpoAgro de Campos é a única do interior do Estado que cobra para ter acesso aos shows.
Eu confesso que fiquei surpresa. Esperava filas e filas para entrar nos shows, muita movimentação na parte de dentro. Acho que a escolha de sempre os mesmos artistas por parte dos organizadores pode ter atrapalhado. Mas as apresentações dos cantores, à parte, foram excelentes, eles arrasam”, disse Carol Cordeiro, moradora de Campos que marcou presença nos quatro dias de show.
Ontem comentei com meu marido que o Pixote iria ficar com vergonha de cantar. Cara, não tinha ninguém. E outra, o camarote lá que eles tanto falam, estava um breu (escuro e vazio). Não tinha ninguém. Os shows foram muito bons. Mas é claro que esperava muito mais movimentação”, disse Lúcia Maria, que frequenta a Expo de Campos há anos com sua família.
Ao levar em consideração o fomento à economia da cidade, a Exposição Agropecuária também deixa a desejar. Nossa equipe de reportagem conversou com o economista e professor da UENF, Alcimar Ribeiro, e ele explicou que, avaliando o evento como uma parceria entre o setor público e privado, ele considera que a ExpoAgro de Campos teve uma variação econômica de pouco êxito.
“Os recursos públicos exigem que você entregue retorno para a sociedade. Tem que existir um resultado em termos de benefício. Não se fixa um resultado satisfatório em um evento dessa natureza, ou seja, se avaliarmos a relação custo-benefício, o custo é infinitamente superior para o município. E a sociedade perde com isso”, ponderou o especialista.
A Exposição realizada neste ano, em Campos, foi organizada por uma empresa privada, mas que contou com recursos públicos governamentais. Todavia, a empresa responsável pela organização do evento não é da cidade, e sim da Região dos Lagos, fazendo com que o recurso que sai de dentro do município vá para outro, prejudicando a economia local.
Por fim, o economista ainda fez críticas à agricultura e à pecuária da cidade de Campos.
“Precisamos divulgar e atrair consumidores e clientes para atividades que você desenvolve localmente. Mas não é o caso. Nossa pecuária é fraca, nossa agricultura é fraca. Então o que nós estamos vendendo, na verdade, quando se pensa em resultado para o município? É completamente diferente de quando acontece uma festa da uva no Rio Grande do Sul, por exemplo”, finalizou Alcimar.
A reportagem do Manchete RJ entrou em contato com a empresa organizadora do evento, solicitando um posicionamento em relação ao número de pessoas e ao dinheiro gerado com as atividades da Exposição. Ainda não houve retorno.