A dentista Giselle Gomes, natural de Campos dos Goytacazes e acusada de deformar o rosto de, ao menos, 40 clientes durante procedimentos estéticos, será julgada na próxima quarta-feira (26) no Fórum Maria Tereza Gusmão. Seu caso ganhou repercussão nacional em 2021 e chegou a ser reproduzido nos programas do Fantástico e Domingo Espetacular.
Segundo as investigações, Giselle prometia realizar procedimentos para remodelar partes do rosto e do corpo, com harmonização orofacial, botox, bichectomia, fios e até lipoaspiração. Mas, de acordo com a polícia, a dentista aplicava o polimetilmetacrilato – o PMMA, o que acabou deformando a face de diversas pacientes.
A mulher responde pelos crimes de estelionato, lesão corporal e exercício irregular da arte dentária. A Polícia Civil chegou a apreender a quantia de R$67 mil em um dos endereços da acusada, durante cumprimento de mandados de busca e apreensão. A dentista não foi presa em nenhum momento, mas teve o passaporte recolhido.
Ainda segundo as investigações, a dentista dizia usar ácido hialurônico para as pacientes. A substância PMMA, que teria sido utilizada, não é proibida, mas também não é indicada para tratamentos estéticos.
A acusada também teve que cumprir medidas cautelares impostas pelo Poder Judiciário. Houve bloqueio de 100 salários mínimos por vítima, a dentista ficou temporariamente suspensa para exercer a profissão, e propagandas consideras enganosas foram retiradas de suas redes sociais.
Propaganda enganosa
No relatório da Polícia Civil sobre um dos casos, detalhes alarmantes foram revelados sobre as práticas da dentista. O documento destaca que a profissional utilizava estratégias de marketing nas redes sociais para atrair clientes, levando-os a acreditar que possuía formação e especialização que, na realidade, não tinha.
Segundo a investigação, Giselle promovia seus serviços como se fosse especialista em harmonização orofacial, uma área que exige formação específica com, no mínimo, 500 horas de curso, conforme regulamentado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). No entanto, os documentos apresentados por ela somam apenas 86 horas de capacitação, obtidas em cursos de curta duração e congressos.
Ainda de acordo com o relatório, a profissional se aproveitava da confiança dos pacientes, oferecendo procedimentos estéticos e aplicando substâncias diferentes das anunciadas. O uso do PMMA, proibido para fins estéticos em larga escala devido aos riscos de reações adversas graves e deformações irreversíveis, gerou danos emocionais e financeiros incalculáveis às vítimas.
A investigação aponta que Giselle induzia os pacientes ao erro, mantendo-os enganados sobre sua qualificação e sobre os produtos utilizados nos procedimentos. A prática, classificada como estelionato, permitia que ela obtivesse vantagem financeira indevida, além de colocar a saúde das vítimas em risco.
O Manchete está buscando contato com a defesa de Giselle.