Dados da plataforma Retratos Regionais da Firjan, divulgados nesta quarta-feira (03), mostram o município de Campos dos Goytacazes ocupando a sétima colocação entre as cidades que mais geraram emprego no mês de fevereiro, e a oitava com relação ao ano de 2024, em todo Estado do Rio. Neste sentido, a reportagem do Manchete RJ entrevistou o economista José Alves de Azevedo Neto, para saber como o especialista avalia a realidade do desenvolvimento econômico e, consequentemente, da geração de empregos do município.
Será que realmente há motivos para comemorar com a maior cidade do interior do Estado ocupando a sétima colocação do mês?
O especialista avaliou que a economia de Campos vive de serviços e apontou baixas de outros setores, como o comércio, a construção civil e a agropecuária.

O segmento que mais gerou empregos em fevereiro de 2024 em Campos foi o setor de serviços. Enquanto isso, o comércio perdeu 137 postos de trabalho, a construção civil abriu apenas 5 empregos e a agropecuária criou somente 8 empregos formais.”
Com relação ao fato de Campos estar abaixo de cidades menores territorialmente e com menos população, o economista não viu como um fator impactante, tendo em vista que Itaguaí (economia portuária), Macaé (base da Petrobrás) e Seropédica (circulação de renda), possuem investimentos expressivos, e Campos não.
Somos uma economia de prestação de serviços. Acrescento ainda: de baixo valor agregado e baixos salários.”
Um outro ponto que chama atenção dos especialistas na região, é que mesmo com um orçamento superior a R$ 10 bilhões na atual gestão do prefeito Wladimir Garotinho, com muitos recursos dos royalties do petróleo, a cidade de Campos não consegue se tornar dependente para investir em geração de emprego, desenvolvimento e a diversificação da economia. Na ocasião, o economista enfatizou que a contribuição do governo municipal atual é muito pouca, com os investimentos públicos vindos de recursos do Governo do Estado e do Governo Federal.
As obras realizadas pelo prefeito de Campos, com recursos próprios, são muito poucas. E a dependência dos royalties continua. Não vejo nenhuma ação plausível do atual gestor para reverter essa conjuntura perversa. ”
Há motivos para comemorar empate com São Francisco de Itabapoana?
Na última segunda-feira (01), o atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Campos, Mauro Silva, viu motivos para comemorar um empate do município com a cidade de São Francisco de Itabapoana, também localizada no Norte Fluminense, e com apenas 42.210 habitantes, conforme o último censo divulgado, de 2020. No ponto de vista do especialista José Alves de Azevedo Neto, a comparação é razoável, levando em consideração que a melhora no índice é fruto de investimentos públicos realizados com recursos do Estado e do Governo Federal.
Não foi a melhoria da economia privada. Nós temos hoje o comércio desempregando e uma agricultura decadente e um setor de serviços de baixo valor agregado.“
Futuro preocupante
Com base no levantamento de dados recentes, e na opinião de especialistas, deve-se questionar: “o futuro preocupa?”

Neste quesito, o economista citou o cenário negativo do Centro de Campos, justificando que a precariedade é devido a falta de dinheiro que não circula na economia. Sendo assim, José Alves finalizou dizendo que, com esse cenário, a tendência é assistirmos a retração da economia privada e o fechamento de várias lojas e empreendimentos.