O quarto domingo do Advento nos coloca já nas portas do Natal, contemplando a Mãe da Esperança, aquela mulher forte como afirmou São Paulo VI, na Marialis Cultus, que por seu sim dado ao Deus da Vida mudou a face da história. Às vezes não percebemos a grandiosidade do gesto libertador e transcendente do seu sim, manifestado com confiança e abertura total a Deus. Compreendemos o que queria ensinar Santo Agostinho, quando afirmou que Nossa Senhora concebeu antes no coração pela fé que no seu ventre. Pensamos de forma reducionista que deve ter sido um ato de obediência automático, ou uma inspiração irresistível e induzida, no entanto começava nela uma nova história num sim certamente amoroso e sincero, mas livre e aberto aos riscos da situação e perplexidades que ia encontrar nas pessoas que a cercavam. Ela nos anima e nos encanta porque é a Virgem do Caminho que anda com passo seguro para a frente e passando na frente, carregando sempre seu Filho Nosso Salvador oferecendo-o e apresentando-o a toda a humanidade.
Longe de ser uma mulher dominada pelo medo ou pela passividade marcas da dominação cultural que sofriam as mulheres daquele tempo, Ela se tornou a primeira anunciadora e discípula do Reino, Mãe da Igreja e Profetiza do Evangelho da graça e das maravilhas que Deus opera na história em favor do seu povo. O Cântico do Magnificat ilustra perfeitamente as motivações desse sim bem como as profundas reviravoltas que o Deus dos humildes e dos pobres provoca e faz nascer na história humana, comentadas pelo Cardeal Carlo Maria Martini. A reviravolta da revolução social e cultural, os humildes são elevados e lideram a nova humanidade, a reviravolta e revolução política, os poderosos são destronados e os oprimidos fazem acontecer o poder-serviço e a reviravolta e revolução econômica, deixando os ricos com as mãos vazias e partilha do pão aos famintos. 
O sim de Maria é a Nova Aliança que será selada com o Sangue do Redentor no Calvário, é o sim ao Projeto do Pai de uma Nova Criação com homens e mulheres plenamente libertos e remidos. É o sim que cantamos na Noite Feliz com os Anjos e todas as criaturas que suspiram e gemem pela paz e a graça do Reino que encontramos no Menino Deus o Filho de Maria. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferrerìa Paz
Bispo Diocesano de Campos
