
A CBF divulgou nesta quarta-feira (1°) o novo calendário do futebol brasileiro para 2026. O pacote de mudanças faz parte do projeto que a entidade colocará em prática no ciclo até 2029.
Segundo dirigentes da confederação, dois conceitos nortearam a confecção do novo calendário: aliviar a quantidade de jogos dos times considerados de elite (os da Série A) e aumentar o número de jogos dos times considerados como a base da pirâmide do futebol brasileiro, e que careciam de um calendário para o ano inteiro (times de divisões inferiores).
Dentre as mudanças mais significativas estão a diminuição do número de datas dos campeonatos estaduais de 16 para 11 – ainda com três meses de duração -, o inicio do Brasileirão marcado para 28 de janeiro (durante a disputa dos estaduais) e um novo formato para a Copa do Brasil, com mais times, os grandes entrando mais tarde e a final disputada em jogo único.
Além disso, uma reformulação nos campeonatos regionais, a criação da nova Copa Sul-Sudeste e a ampliação da Série D são as medidas que já entrarão em vigor a partir de 2026.
De acordo com a CBF, essas medidas diminuirão o número de jogos por temporadas dos principais times do país e colocará no calendário nacional mais 82 equipes, que atualmente se restringem às disputas estaduais. Um aumento inicial de 26%, que pode acrescentar mais clubes ao final do ciclo.
“Essas mudanças têm dois motivos e objetivos principais: reduzir a carga de jogos dos times da elite do futebol, que enfrentam maratonas, e ampliar a competição para equipes que passam meses inativas. É uma questão de justiça esportiva e equilíbrio. Ouvimos clubes, federações, representantes do mercado e colaboração de diversas áreas da CBF”, discursou o presidente Samir Xaud, em evento. “2026 será um ano de transição, mas toda caminhada precisa de um primeiro passo”.
Atualmente, em média, cada time da Série A do Brasileirão disputa 67,5 jogos por temporada. O novo calendário reduzirá em até 9 jogos este montante.
Ainda segundo lideranças da entidade, a reformulação do calendário, o subsídio de novos clubes nas disputas e criação de novos torneios vai custar, aproximadamente, R$ 82 milhões aos cofres da confederação.
Brasileirão e Estaduais
Uma das mudanças mais importantes diz respeito aos estaduais e ao Campeonato Brasileiro. A redução das datas dos torneios das federações já era um anseio de muitos clubes e treinadores, mas esbarrava em questões econômicas e políticas dentro da própria CBF.
Ao assumir o comando da confederação, Samir Xaud traçou como uma de suas primeiras medidas encabeçar essa mudança e isso já será visto em prática em 2026.
Terminar definitivamente com os estaduais não está nos planos no ciclo 2026/2029. Dentro da CBF existe uma preocupação grande com o chamado “ecossistema” do futebol nas federações, que são os times pequenos e todos que dependem deles, como jogadores de menor projeção e até o impacto econômico que isso causa nas pequenas cidades que abrigam as equipes.
Por isso a decisão nesse novo ciclo foi manter os estaduais, ainda que em menos datas, e aumentar as possibilidades dessas equipes disputarem regionais ou divisões menores do Campeonato Brasileiro.
Com menos datas de estadual, abre-se espaço para um Brasileirão começando antes. A primeira rodada do torneio nacional será no fim de semana de 28 e 29 de janeiro.
Com isso, ganha-se mais tempo para trabalhar a pausa para a Copa do Mundo, dessa vez maior por comportar 48 seleções. A CBF estima 55 dias sem os jogadores convocados para o torneio da FIFA. Nesse período, os clubes darão 15 dias de recesso para seus atletas, assim como foi no Mundial de Clubes esse ano.
O novo calendário do Brasileirão fará com que ele concorra com os estaduais. Entre o fim de janeiro e março, teremos o torneio nacional dividindo datas com os das federações. E aí mora o primeiro grande gargalo do calendário.
Porque além desses dois, ainda teremos a disputa das duas primeiras fases eliminatórias da CONMEBOL Libertadores. Dois times brasileiros terão três competições concomitantes nos primeiros meses do ano.
Esses times terão seus jogos do Brasileirão adiados. Para solucionar este problema no futuro, a CBF pretende abrir mão das duas vagas nas fases preliminares em troca de mais uma na fase de grupos, a partir de 2027, mas ainda enfrenta grande resistência da CONMEBOL.
- Estaduais: 14/01 a 15/03
- Brasileirão: 28/01 a 02/12
A nova Copa do Brasil
O torneio nacional de mata-mata também ganhou marcantes alterações em seu formato. A começar pelo aumento de times. Os participantes pulam de 92 para 126.
Dentro da ideia de aliviar o calendário da elite e aumentar o da base, as quatro primeiras fases serão disputadas em jogos únicos por times de menor ranqueamento na CBF. Os 20 da Série A chegam para a quinta fase. A partir daí, ida e volta até a definição dos finalistas.
A grande decisão virará um forte produto comercial da CBF: será disputada em jogo único, em sede pré definida pela entidade e fechará o calendário do futebol brasileiro.
A ideia é que entre a semi e a final exista um mês de prazo para torcedores se organizarem com as logísticas de viagem e ingressos.
Um dos problemas desse fim mais tardio da competição é a proximidade da Copa Intercontinental. Embora a FIFA ainda não tenha divulgado as datas para 2026, a CBF trabalha com a possibilidade de a Copa do Brasil terminar apenas três dias antes do torneio internacional, mas argumenta que não tinha mais margem de datas para administrar esse gargalo.
Ganharão vaga na Copa do Brasil os campeões das séries C e D, além de representantes da Copa Verde, do Nordeste e da nova Sul Sudeste. Todos esses já entrarão na terceira fase da competição.
Copa do Brasil: 18/02 a 06/12
Regionais reformulados e a Copa Sul-Sudeste
Os torneios regionais também foram impactados pelo novo torneio da CBF. A partir de agora eles serão disputados após os campeonatos estaduais, competindo com o Brasileirão e as competições CONMEBOL. E é aí que entra uma grande mudança.
Times que disputam os regionais não poderão participar da Libertadores ou Sul-Americana. O Bahia, por exemplo, caso se classifique para a próxima Libertadores, terá que abrir mão da Copa do Nordeste, onde é o atual campeão.
A “Lampions League” sofrerá mudanças em sua formatação. Aumentará para 20 clubes participantes, divididos em quatro grupos de cinco.
A Copa Verde será dividida em duas ‘conferências’ regionais: a Copa Norte e a Copa Centro-Oeste (com os times do Espírito Santo). O campeão de cada sub torneio ganhará vaga na próxima Copa do Brasil. Os dois vencedores se enfrentam pelo troféu da Copa Verde.
E há também o surgimento da nova Copa Sul-Sudeste, que abrigará 12 times dessas regiões (menos Espírito Santo). Serão dois times de cada estado (SP, RJ, MG, RS, SC e PR) sem calendário CONMEBOL que jogarão o novo certame criado pela CBF. Estima-se que essa competição ganhe relevância para times menores e do interior dos estados. Eles serão divididos em dois grupos de seis.
Regionais: 25/03 a 07/06
Série C e D
Por fim, as novidades abraçam também as duas menores divisões nacionais.
A Série C terá uma importante mudança de regulamento para 2026. Visando um aumento gradativo de clubes participantes até 2028, apenas dois times serão rebaixados para a Série D. Além disso, seis times subirão da quarta divisão, chegando em 24 equipes daqui duas temporadas. A medida se repetirá no ano seguinte, completando os 28 idealizados pela CBF em 2028.
Já a Série D já terá um enorme aumento de participantes para o ano que vem. Salta de 64 para 96 equipes, fazendo parte da estratégia de aumentar o calendário dos clubes menores do país.
Este novo calendário do futebol brasileiro será aberto com a Supercopa do Brasil, ainda sem local definido. A edição de 2025 foi realizada no Mangueirão, em Belém.

*Com informações da ESPN