
A Justiça do Rio devolveu a BMW apreendida de Marlon Brendon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo, que havia sido retida durante a prisão do artista, e autorizou o cantor a realizar shows fora do Rio de Janeiro.
Ele também não precisa mais comparecer mensalmente em juízo até o dia 10 de cada mês para informar e justificar suas atividades.
O cantor é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com o tráfico de drogas. Segundo a polícia, o cantor também é investigado por lavar dinheiro do tráfico, mais especificamente da facção Comando Vermelho.
Seis medidas cautelares foram impostas após a soltura do cantor em 3 de junho, quando ele foi beneficiado por um habeas corpus concedido pela Justiça. Outras quatro medidas permanecem válidas.
A juíza substituta Beatriz de Oliveira, da 1ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, levou em consideração o fato que a atividade profissional de Poze sustenta direta e indiretamente outras pessoas e suas famílias.
“A manutenção das cautelares de comparecimento mensal em juízo e de impossibilidade de se ausentar da comarca configura antecipação de pena, já que causa prejuízo ao exercício da atividade laborativa exercida pelo investigado e de terceiros”, diz um trecho da decisão.
Sobre o carro, a juíza afirmou:
“Não há, ademais, nos autos qualquer indício de que o referido carro foi utilizado como instrumento de crime, ou que interesse para investigação ou à instrução criminal.”
Confira as medidas cautelares mantidas:
- permanecer à disposição da Justiça informando telefone para contato imediato caso seja necessário;
- proibição de mudar-se de endereço sem comunicar ao Juízo;
- proibição de comunicar-se com pessoas investigadas pelos fatos envolvidos neste inquérito, testemunhas, bem como pessoas ligadas à facção criminosa Comando Vermelho;
- obrigação de entregar o passaporte à Secretaria do Juízo originário.
O advogado de Poze, Fernando Henrique Cardoso Neves, disse que a defesa recebeu as decisões com tranquilidade, por confiar que as “ilegalidades” no pedido de prisão seriam anuladas pela Justiça.
“Marlon segue cumprindo as decisões judiciais impostas a ele e provará sua inocência nestes episódios que são única e exclusivamente atos de abuso de autoridade.”
O MC foi preso no dia 29 de maio por agentes da DRE por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. Segundo a polícia, o cantor também é investigado por lavar dinheiro do tráfico, mais especificamente da facção Comando Vermelho.
Relembre o caso
O MC foi preso no dia 29 de maio por agentes da DRE por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. Segundo a polícia, o cantor também é investigado por lavar dinheiro do tráfico, mais especificamente da facção Comando Vermelho.
Policiais cumpriram o mandado de prisão temporária na casa dele, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
De acordo com as investigações, Poze realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV), com a presença ostensiva de traficantes armados com fuzis, a fim de garantir a “segurança” do artista e do evento.
Ainda de acordo com a DRE, o repertório das músicas de Poze “faz clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo” e “incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes”.
A delegacia afirma que shows de Poze são estrategicamente utilizados pela facção “para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes, revertendo os recursos para a aquisição de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes”.
“A Polícia Civil reforça que as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores diretos dos eventos criminosos”, declarou a instituição.
O noticiário da Rede Globo RJ2 mostrou no dia 19 de maio que a DRE tinha aberto uma investigação depois que vídeos de um baile funk na Cidade de Deus, na Zona Oeste, onde Poze se apresentava viralizaram.
Criminosos assistiam ao show de Poze exibindo fuzis e ainda filmavam, sem qualquer tipo de disfarce ou receio de serem identificados.
O show, no qual o cantor entoou diversas músicas enaltecendo o CV, ocorreu dias antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, integrante da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma operação policial na comunidade.
Aquele não tinha sido o 1º baile de Poze com a presença de traficantes armados. Em 2020, por exemplo, o MC foi visto em um evento semelhante no Jacaré.
Segundo a polícia, outros artistas também são investigados por apologia ao tráfico.
O advogado Fernando Henrique Cardoso, que representa Poze, Cabelinho e Oruam, afirmou que existe uma narrativa de perseguição a determinados gêneros musicais e lembrou que, inicialmente, o samba também foi criminalizado.
“Em relação a isso, essa narrativa de pesquisar determinado gênero musical, cena artística, primeiro o samba foi criminalizado. Isso não é novo. Essas supostas falas da polícia fazem parte de uma narrativa que criminaliza e exclui as manifestações artísticas”, falou o advogado.
*Com informações do G1