
Em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (09), o delegado da Polícia Federal de Campos, Wesley Amato, deu detalhes da ação conjunta com o Ministério Público Rio de Janeiro (MPRJ) contra supostas fraudes em contratos de transporte escolar de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em endereços de agentes políticos, de servidores e empresários do ramo de transportes escolares de Campos.
Conforme dito pelo delegado, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos com o objetivo de colher elementos de prova, sendo aparelhos celulares, computadores e documentos que sirvam para sustentar a linha investigativa.
As buscas foram feitas na sede de empresas investigadas, na casa dos agentes públicos e políticos, e em dois gabinetes dos vereadores na Câmara Municipal de Campos.
Além da apreensão de documentos e aparelhos tecnológicos, foi apreendido um valor em cerca de R$7O mil em espécie em uma das empresas investigadas. Segundo o delegado, esse montante em espécie não é comum, e a Polícia Federal trabalha com a suspeita que ele possa ser de fonte ilícita.
Os principais alvos da operação são:
- Marcos Alcides Souza da Silva, também conhecido como vereador Marquinhos do Transporte (PDT).
- Maicon Silva da Cruz, vereador sem partido.
- Neide Mara Gomes Palmeira, coordenadora da Diretoria Regional Administrativa da Educação do Norte Fluminense.
- WD Empreendimentos Comerciais e Serviços Eireli.
- ML dos Santos Comércio Serviços Eireli.
- MA Souza Transportes e Empreendimentos Ltda.
- Prozul Serviços de Construções Ltda.
Próximos passos da investigação
Os próximos são ouvir as pessoas que estão sendo investigadas: donos das empresas, agentes públicos, políticos, realizar a perícia nos bens apreendidos e, na sequência, realizar uma análise para decidir quem irá responder por um crime, ou não.
De acordo com o delegado, o que foi determinante para o início da investigação, foi uma contratação feita no dia 25 de julho de 2022.
“No dia 25 do ano passado, houve um certame realizado pela Secretaria de Educação, onde várias escolas fizeram parte da reunião. Mas na quinta-feira anterior, já tinha sido realizada uma outra reunião, onde a Diretora Regional chamou os prestadores de serviço, que já trabalhavam nesse meio há cerca de 20 anos, para apresentarem vários documentos até a segunda-feira, dia 25. Contudo, os prestadores de serviço achavam que seriam recontratados, como sempre foi feito no decorrer dos 20 anos que eles trabalhavam, e chegando nos locais já haviam pessoas ligadas às empresas investigadas, com a documentação em dia e completa, o que causou estranheza”, ressaltou.
O delegado afirma que uma das linhas investigativas diz a respeito de informações privilegiadas que podem ter sido obtidas para que empresas apresentassem os documentos de forma completa em detrimento de outros participantes que não tiveram a oportunidade de colecionar os documentos.
Com relação a participação dos dois vereadores investigados, o delegado afirmou que:
“Temos a suspeita de que possa ter alguma intervenção dos agentes políticos em parceria com as empresas de transporte. Inclusive, um dos vereadores investigados é proprietário de uma empresa, o filho é dono de outra empresa e a nora também. Todas elas investigadas”, disse.
Inclusive, em uma das empresas ligadas ao vereador foi apreendido o valor de aproximadamente R$70 mil.
Pronunciamentos
A Secretaria Estadual de Educação esclareceu que “todos os recursos públicos destinados ao transporte escolar são descentralizados diretamente às unidades escolares que possuem autonomia para fazer a contratação das empresas que ofertam o serviço.” A pasta também assegurou que “todo e qualquer pagamento de empresas envolvidas deverá ser suspenso.”
A Secretaria anunciou a abertura de uma sindicância para investigar a conduta dos funcionários envolvidos, que serão afastados de seus cargos, e se comprometeu a cooperar com todas as informações necessárias para a investigação.
O vereador Maicon Cruz divulgou um vídeo no final da manhã desta quinta-feira, onde alega não ter conhecimento dos fatos que motivaram a operação da Polícia Federal e do GAECO.
De acordo com Maicon, ele tomou conhecimento dos fatos através da imprensa e não sabe do motivo da ligação do seu nome com a operação.
“Hoje pela manhã fui pego de surpresa pelos veículos de comunicação. Estou à disposição de todas as autoridades. Denúncias sempre vão acontecer e cabe à Justiça fazer o seu papel. Se um dia eu for condenado sobre qualquer irregularidade, renuncio ao meu mandato. Mas ainda não sei como o meu nome foi parar nessa história”, disse o vereador.
Marquinho do Transporte ainda não se pronunciou sobre o caso.
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