
“Deu no New York Times / A feira de Acari é um sucesso / Tem de tudo / É um mistério”. A letra de “W/Brasil”, sucesso de Jorge Ben Jor, resume um pouco o que é o comércio popular na Zona Norte do Rio – que teve a proibição anunciada pelo prefeito Eduardo Paes, com apoio do governador Cláudio Castro.
O sucesso é inegável: a feira nascida em meados dos anos 1970 às margens da linha do trem, perto do Morro da Pedreira, é conhecida em todo o país e o ganha-pão de muito trabalhador honesto.
Há décadas, no entanto, as autoridades também combatem a origem “misteriosa” de produtos e até de animais silvestres, em dezenas de investigações e operações policiais. Nem a população perdoa: devido à tradição da venda de itens roubados, o comércio ganhou apelidos como “robauto”.
“Depois de conversa nesse fim de semana com o governador Claudio Castro, publico amanhã no Diário Oficial do Município decreto proibindo o funcionamento da Feira de Acari em qualquer dia da semana. Não é aceitável que uma ‘feira’ repleta de produtos de origem desconhecida tenha seu funcionamento normalizado na cidade”, postou Eduardo Paes no dia 22.
Fama no Tik Tok
Recentemente, os preços bem abaixo de mercado levaram a Feira de Acari a protagonizar vídeos virais em plataformas como o Tik Tok.
Em tempos digitais, a feira tem virado alvo de influencers. Uma usuária do TikTok, por exemplo, mostrou um pacote de camarões a R$ 10 – cerca de quatro vezes mais barato que o valor de mercado.
Peças de salame, que segundo ela estão a R$ 150 no mercado, eram vendidas a R$ 49,90. No mesmo vídeo, com mais de 14 mil curtidas na plataforma, macarrões instantâneos podem ser vistos a R$ 1 real o pacote.
Outro influenciador mostrou um ar-condicionado de R$ 2,3 mil sendo vendido a R$ 1 mil.
A origem dos produtos, citada pelo prefeito como motivo para a proibição, sempre foi motivo de investigações.
Decreto Prefeitura do Rio
O prefeito postou um documento com o texto que pretende usar no decreto, no qual cita:
– prejuízo de quase R$ 390 milhões com roubo de carga no estado;
-que 30% dos roubos de carga do país foram no RJ em 2023;
-que a feira de Acari não é autorizada pela prefeitura e que relatórios de inteligência registram a ligação da feira com envolvidos no tráfico de drogas, roubo de carga, contrabando e furto de energia.

O governador Cláudio Castro (PL) se manifestou por meio de uma rede social: “Vamos apoiar integralmente, com as forças estaduais de segurança, a operação que vai proibir que a feira de Acari continue funcionando”, postou.
*Com informações do G1