
Nos últimos dias, a reportagem do Manchete RJ vem publicando vídeos de uma brincadeira pra lá de incômoda em Campos, a “guerra de bolinha de gel”. A prática funciona da seguinte forma: os jovens se organizam pelas redes sociais para confrontos em vias públicas com réplicas de armas que disparam “munições”.
Porém, o que era para ser uma forma de entretenimento tem causado constrangimento e temor em Campos. O caso mais emblemático aconteceu na quarta-feira (25). Dois jovens passaram “atirando” em uma via pública contra um homem que estava em uma carroça; ele revidou jogando uma fruta neles.
A reportagem apurou com as delegacias de Campos, a 134ª DP, que atende a margem direita do Rio Paraíba do Sul, e a 146ª DP, que atua na margem esquerda, que houve apenas um caso envolvendo vítimas de ataque nessa brincadeira registrado nas delegacias.
A prática em si não é configurada como crime, porém, quando causa tumulto na rua ou impede o sossego ou o trabalho das pessoas, se configura como tal, e a vítima pode procurar a delegacia.
“A orientação é que todos que tenham sido vítimas procurem a delegacia para prestar declaração e auxiliar na investigação”, explicou a delegada Carla Tavares, titular na delegacia do Centro.
Carla reforça o pedido para que quem for atacado procure a polícia, mas lembra que só pode ser configurado crime caso a pessoa que seja atingida se sinta lesada por isso.
“Quanto às pessoas que são atingidas pelo gel, configura-se o delito de injúria real, mas para investigação desse tipo de crime a polícia depende do interesse da vítima, pois se trata de crime de ação penal privada. Por isso, estamos orientando que as vítimas procurem a delegacia”, concluiu.
O delegado Carlos Augusto, titular da delegacia de Guarus, recomenda que a brincadeira seja feita em locais adequados e alertou para os transtornos que ela pode causar nas ruas da cidade.
“Realmente, é uma triste realidade em Campos, espelhada ao que vem acontecendo em grandes cidades. O ideal é que encontrem um local protegido, como arenas de paintball, para fazer essa prática. Nas ruas, pode lesionar terceiros e causar acidentes de trânsito, e poderão responder pelos respectivos crimes.”
Outro ponto que Carlos Augusto levanta é que a prática pode confundir os agentes policiais que estão atuando nas ruas.
“Com essa arma na mão eles também podem ser confundidos com criminosos armados e serem mortos por agentes policiais, que estarão respaldados juridicamente”, explicou.

