
Mesmo diante do sonho de receber um novo rim, o condutor de atrativos naturais Ricardo Medeiros de Oliveira, de 48 anos, chegou a duvidar que conseguiria sair da Região Serrana do Rio de Janeiro e chegar em Juiz de Fora (MG) em tempo hábil para realizar o esperado transplante há 9 anos.
Para isso, teria que descer mais de 2 km e percorrer outros 150 km até a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora em, no máximo, três horas. Conforme ele, somente a descida da Pedra do Sino, na Serra dos Órgãos, duraria em torno de 4 horas.
“Quando a gente tava no cume da Pedro do Sino, o hospital [Santa Casa] tentou contato comigo, mas não conseguiu. Aí ligou para a clínica que faço diálise em Petrópolis, e eles entraram em contato comigo. Por Deus a gente conseguiu sinal lá em cima para eles conseguirem falar comigo”, explica ele, que aguardou o transplante por nove anos.
Segundo ele, na conversa que teve com a funcionária da clínica pelo telefone, o sentimento era de descrença.
“Falei que infelizmente eu não ia conseguir, pois seriam necessárias cerca de quatro horas para descer. Meu psicológico na hora ficou abalado, pois a gente espera tanto e aconteceu num lugar daquele”.
Quarenta minutos depois, no entanto, com mobilização dos batalhões de Teresópolis e Rio de Janeiro, um helicóptero chegou até Ricardo e, em menos de duas horas, ele estava em Juiz de Fora para o transplante.
Gratidão aos bombeiros
A busca pelo paciente que receberia o rim em Juiz de Fora mobilizou dois helicópteros e 10 bombeiros de Rio de Janeiro e Teresópolis.
A desconfiança inicial do morador de Petrópolis, transplantado uma primeira vez em 1998 e desde 2011 realizando sessões de diálise, logo deu início à empolgação para a realização do sonho.
“Não levei muita fé, pois nunca vi isso acontecer, mas fiquei lá em cima esperando. Foi uma mistura de emoção muito grande: não sabia se eu ria, se chorava, se acreditava, se desconfiava, se realmente ia acontecer. Foi uma euforia só”.
Na segunda-feira (25), já transplantado, Ricardo fez questão de demonstrar a gratidão aos bombeiros.
“Uma gratidão imensa a todo mundo que fez parte para que isso acontecesse, ao empenho dos bombeiros, à disponibilidade, à agilidade. Sou muito grato a Deus por tudo que aconteceu, por mais uma oportunidade de viver completamente de novo”.
A coronel Rachel Lopes, comandante do Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), festejou o sucesso da operação que foi uma verdadeira corrida contra o tempo.
“Foi uma ação desafiadora devido às condições climáticas instáveis na região e à localização da vítima, mas estávamos determinados, como sempre, a fazer o impossível, com toda a dedicação, para superar os obstáculos em prol da vida”, afirmou.
Fonte: g1