
“Ter que acordar todos os dias e respirar pra mim não é fácil, mas eu preciso fazer isso e continuar lutando, pela minha filha e pelo meu neto”. As palavras de Cintia Pessanha, mãe da jovem Letycia Peixoto, assassinada em 2023 e avó do pequeno Hugo, que foi retirado do ventre da mãe após ela ser baleada, mas não resistiu e também acabou morrendo. O caso revoltou toda a sociedade e um ano e cinco meses depois, a família espera ansiosa pelo julgamento dos indiciados. “É uma angústia diária, lembrar de tudo aquilo, aquele homem (o pai do neto e réu como mandante do crime) carregar o caixão do filho, um anjo, que era pra estar cheio de vida e saúde, olhar pra minha filha num caixão, sabendo que ele mandou tirar a vida dela, nós esperamos que eles recebam condenação máxima, esperamos que o júri lembre a frieza dele e que ele pague”, diz Cíntia, se referindo à Diogo Viola de Nadai, acusado de ser o mandante do crime.

Letycia sonhava ser mãe
O sonho de ser mãe não se concretizou para a jovem Letycia Peixoto, ela foi assassinada com tiros a queima roupa, no portão da casa dos pais. O acusado de ser o mandante do crime é o pai do bebê que ela esperava, o professor e empresário Diogo Viola de Nadai. Para a Polícia Civil, ele contratou um intermediário, que negociou com outras duas pessoas o assassinato da mãe do filho dele. Ela foi assassinada em março de 2023. Um ano e cinco meses depois, a família aguarda ansiosa pelo julgamento, esperando que seja feita justiça no caso da jovem e do bebê Hugo, que chegou a ficar internado antes de morrer.
O advogado Márcio Marques, que assiste à família de Letycia informou ao Manchete RJ que o julgamento de Diogo ainda não foi marcado devido à recursos impetrados pelo réu Diogo, em instância superior. “O mandante, o Diogo, que era companheiro da Letycia entrou com um recurso no TJ, mas nós da acusação estamos confiantes que ele não vai obter êxito nesse recurso e que em breve esse processo estará retornando para Campos”, disse o advogado.
O advogado também informou que três réus permanecem presos em regime fechado, o Diogo em Itaperuna e os dois outros no Rio de Janeiro. Segundo ele, apenas o intermediador está em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. “A justiça concedeu esse direito porque ele tem dois filhos menores com problemas graves de saúde”, explicou.
Inconformada com a perda da filha, a mãe de Letycia clama por justiça: “Nosso país precisa de leis mais duras, de condenações mais rápidas… sem privilégios, sem diminuição de penas, hoje a maior “epidemia” do Brasil é feminicídio. Todos os dias mulheres morrem vítimas da violência, ontem foi a minha filha e meu neto, hoje quantas? Amanhã quantas? Precisamos lutar por uma justiça, que seja justa ,com aquelas que não estão mais aqui ,em respeito a cada família que hoje vive um luto eterno.”, finaliza Cíntia.
Defesa estranha demora no julgamento dos outros réus
Procurada pelo Manchete RJ, a defesa de Diogo Viola de Nadai informou que o recurso do seu cliente não impede que os outros três réus sejam julgados e que devido a essa demora, os advogados que os representam podem inclusive pedir relaxamento de prisão.
Sobre o recurso no Tribunal de Justiça, o advogado Rafael Crespo informou que lançou mão do recurso por causa de irregularidades técnicas detectadas por ele. “De qualquer forma, o recurso do Diogo não impede que os outros réus sejam julgados”, disse.