
Deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) estão denunciando a Prefeitura de Macaé e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) por práticas de misoginia. A polêmica surgiu no último domingo (13), quando uma prova do concurso público para professores municipais apresentou questões com enunciados considerados preconceituosos, sugerindo que as mulheres “falam demais”.
A denúncia foi liderada pela deputada Elika Takimoto (PT). Durante a sessão plenária desta terça-feira (15/10), a parlamentar relatou que recebeu diversas mensagens denunciando o conteúdo ofensivo das provas de português. “Entre as questões, havia uma que pedia para marcar ‘a frase que não contém uma crítica ao fato de a mulher falar demais’”, relatou.
Takimoto destacou que algumas alternativas reforçavam estereótipos machistas. “Havia opções como ‘a língua é a última coisa que morre em uma mulher’ e ‘gosto de mulheres jovens: suas histórias são menores’. Isso é uma grave agressão a todas nós. É inadmissível que em pleno 2024 ainda nos deparemos com esse tipo de conteúdo”, criticou.
A parlamentar também mencionou que, na semana passada, foi sancionada a Lei 14.994/2024, que amplia a pena para feminicídio para até 40 anos. “Estamos falando de uma sociedade que luta para enfrentar a violência de gênero, e vemos uma instituição que recebe recursos públicos perpetuar esse tipo de preconceito em um concurso público”, acrescentou.
Embora a FGV tenha informado que anulou as questões problemáticas, os deputados consideram a medida insuficiente. “A Fundação disse que anulou as questões por não estarem alinhadas aos seus princípios. No entanto, anular não é suficiente. É essencial que a instituição faça uma autocrítica e invista em capacitação, alinhando seus conteúdos às premissas éticas de uma sociedade democrática”, enfatizou Elika.
O deputado Flávio Serafini (Psol) também se manifestou sobre o caso, reforçando a necessidade de responsabilizações imediatas. “A anulação das questões não resolve o problema. É preciso que a FGV e a Prefeitura de Macaé respondam por esse conteúdo misógino e ofensivo. Não vamos permitir que isso passe impune. Estamos exigindo explicações e ações concretas”, afirmou.
A denúncia continua repercutindo na Alerj, e os parlamentares prometem acompanhar de perto as próximas movimentações da Prefeitura e da FGV.