
O Museu Histórico de Campos recebe, a partir desta quarta-feira (3), a exposição “Kitanda”, um mergulho na herança dos povos de língua do tronco Bantu e sua profunda influência na identidade brasileira.
Idealizada em parceria com os artistas Murilo DoMeio e Huriah, a mostra propõe uma experiência imersiva que ocupa, pela primeira vez, o segundo andar do espaço de exposições permanentes do Museu.
Apesar de os povos bantu representarem cerca de 75% dos africanos escravizados trazidos para o Brasil, sua contribuição histórica e cultural foi, por muito tempo, invisibilizada. A exposição busca justamente resgatar essa centralidade, destacando como seus legados moldaram aspectos fundamentais da sociedade brasileira — da língua à culinária, da religiosidade às manifestações artísticas.
“Falar de cultura dos povos Bantu é também falar de Campos e do Norte Fluminense. Nossa região, como uma das que mais recebeu escravizados, guarda em sua matriz cultural muitos desses elementos. Esta exposição é uma provocação à reflexão sobre como devemos enaltecer, estudar e valorizar esse componente essencial da nossa identidade”, destaca Ianani Dias, produtora-executiva e mestre em Desenvolvimento Regional pela UFF.
A mostra traz à tona a presença do “espírito bantu” no cotidiano: palavras como moleque, bunda, samba e quilombo são apenas alguns dos termos que entraram para o vocabulário nacional. Na gastronomia, ingredientes como quiabo, fubá e feijão fradinho se tornaram indispensáveis à mesa brasileira.
A exposição também aborda a cosmovisão bantu e sua influência na religiosidade, marcada em práticas como o Candomblé de Nação Angola, a Umbanda e em festas tradicionais, como o jongo e as congadas.
Mais do que um resgate histórico, “Kitanda” é uma celebração da resiliência e vitalidade desse legado que segue vivo e pulsante na contemporaneidade.