
Na reta final das eleições municipais, a indefinição do eleitorado resiste nas cidades. Na maioria das cidades, ao menos quatro em cada dez eleitores dizem ainda não ter decidido seu voto para prefeito, de acordo com a rodada mais recente de pesquisas da Quaest, realizadas nas duas últimas semanas. Especialistas avaliam que os percentuais estão dentro do patamar observado em eleições mais recentes, nas quais a definição do voto tem se aproximado cada vez mais da data de ir à urna, e observam que os indecisos podem influenciar composições de segundo turno em disputas apertadas.
Em 19 das 26 capitais, o percentual de eleitores que não definiram candidato iguala ou supera 40% na modalidade espontânea — isto é, quando o entrevistado é apenas questionado se já “escolheu em quem vai votar”, sem ser apresentado a uma lista de opções. Dentre essas cidades, em sete — Curitiba, Goiânia, Campo Grande, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre e Porto Velho — a fatia de indefinidos chega a metade do eleitorado.
Pesquisador do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp, o cientista político Oswaldo Amaral afirma que há uma tendência nos últimos anos de os eleitores decidirem o voto cada vez mais tarde — a campanha termina oficialmente na antevéspera da eleição, mas tem seguido quase ininterrupta nas redes sociais. Para o pesquisador, isso gera uma possibilidade de que o cenário nas urnas difira do captado nas pesquisas, especialmente quando “os candidatos estão muito próximos”.
— Quando há um contingente grande de indecisos e disputas apertadas, isso pode significar um resultado diferente. Especialmente se houver voto útil — afirma Amaral.
fonte: O Globo