
O delegado da Polícia Federal de Campos, Wesley Amato, concedeu uma entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (28), para esclarecer detalhes da “Operação Rebote”, que teve como um dos alvos, a ex-prefeita do município, Rosinha Garotinho.
Supostas irregularidades no sistema previdenciário municipal, que teriam ocorrido no segundo semestre do ano de 2016, estão sendo investigadas. Todavia, o delegado afirmou que há elementos de prova para conseguir o indiciamento no sentido de que “a gestão era fraudulenta”.
Entenda a operação
“A operação de hoje teve como objetivo a apuração de possíveis fraudes perpetradas no âmbito da PreviCampos. A gente percebeu uma mudança abrupta na forma de investimento da autarquia. A autarquia vinha realizando investimentos em fundos seguros, como fundos no Banco do Brasil, Caixa e Itaú. E posteriormente, a partir do segundo semestre, ela faz uma mudança radical e passa a investir nesses fundos de menor conhecimento, de pouca liquidez, de pouca garantia de que houvesse retorno para a instituição“, disse o delegado.
Wesley Amato explicou que os fundos eram fechados, e por intermédio de uma empresa de consultoria era levado até a PreviCampos, que comprava os títulos não lastreados de efetivo de valor.
“Por exemplo, quando você faz um investimento em uma bolsa de valores, você sabe o tamanho da empresa, você sabe o tamanho do caixa da empresa. E no caso desses fundos não tinha essa garantia, e a PreviCampos mesmo assim acabou investindo nesses fundos”, comparou.
Prejuízo estimado
A investigação aponta um prejuízo de aproximadamente 383 milhões de reais. As fraudes aconteciam por intermédio de uma empresa de consultoria que realizava o lobby entre os fundos de investimento e com os diretores e responsáveis pela PreviCampos que, segundo a PF, desviaram dinheiro mediante fraude conhecida como “compras de títulos podres”.
Participação do CPI na Câmara dos Vereadores
O delegado ainda afirmou que um dos elementos de prova de informações que foram adquiridas, é uma CPI que ocorreu na Câmara dos Vereadores na época. Segundo ele, foi possível observar que os membros da Comissão de Investimento e da Comissão Deliberativa, tinham pouco conhecimentos a cerca de investimentos em fundos
“O próprio presidente da PreviCampos demonstrou também que não tinha conhecimento algum para fazer os aportes financeiros. E eram aportes financeiros de grande valor, sendo 40 milhões, 140 milhões”, ressaltou.
Alvos da operação
A Polícia Federal informou que 12 pessoas foram o foco da operação, sendo agentes públicos, diretores e membros da Comissão de Investimento e Deliberativa, que tinham por finalidade realizar os aportes financeiros. Inclusive, segundo a PF, uma empresa de consultoria com sede em Santos (SP) “fazia a ponte” entre os agentes públicos e proprietários dos fundos podres.
A reportagem do Manchete RJ apurou o nome de todos os investigados na operação.
Elementos de prova suficientes
O delegado da Polícia Federal afirmou que tem elementos de prova para conseguir o indiciamento no sentido de que a gestão era fraudulenta.
“A gestão era fraudulenta. Por exemplo, atas de reuniões eram fraudadas, os membros de reuniões não compareciam às deliberações, e mesmo assim realizavam os aportes financeiros”.
O próximo passo será analisar os materiais apreendidos, entre celulares, computadores e documentos.
Crimes investigados:
- Gestão fraudulenta
- Associação criminosa
- Peculato
- Corrupção ativa
- Corrupção passiva
Segundo a PF, até o momento das investigações, é possível apontar o crime de gestão fraudulenta, associação criminosa e de peculato.
“Operação Rebote”
A Polícia Federal informou que a operação foi nomeada desta maneira, pois a palavra “rebote” faz alusão ao termo que os investigados utilizavam para o pagamento da comissão da empresa de consultoria.
“A empresa fazia a indicação do fundo, e o fundo pagava (rebote) uma comissão para a empresa”, explicou.
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