
Campos dos Goytacazes, o maior produtor de petróleo do Brasil e um dos municípios que mais arrecada royalties, enfrentou ao longo dos últimos 20 anos, um histórico de instabilidade política marcada por frequentes afastamentos de prefeitos, além de diversos episódios envolvendo política e polícia, como os casos “Telhado de Vidro” e “Chequinho”, passando por investigações de envolvimento de políticos até com o tráfico de drogas.
Voltando a 2004, relembramos quando o ex-prefeito Arnaldo Vianna foi afastado na semana do segundo turno da eleição para prefeito, mas conseguiu retornar um dia depois e completou seu mandato. Carlos Alberto Campista, que assumiu em 2005, foi destituído em 13 de maio do mesmo ano, após uma sentença que tornou inelegíveis figuras como Garotinho, Rosinha, Arnaldo e Ilsan.
Alexandre Mocaiber, que tomou posse em 2005 e venceu as eleições suplementares em março de 2006, também enfrentou problemas. Ele foi o terceiro prefeito afastado em 2008, mas conseguiu retomar o cargo 43 dias depois e completou seu mandato.
Rosinha Garotinho, também chegou a perder seu mandato em 2010, recuperando posteriormente, tendo neste meio-tempo, o presidente da Câmara, Dr. Nelson Nahim, ocupado a cadeira de prefeito.
A situação em Campos é um reflexo das complexidades e desafios enfrentados na política local, evidenciando a necessidade de uma maior estabilidade e transparência nas gestões públicas.
Chequinho
Em 2016, a “Operação Chequinho” levou várias figuras políticas da cidade para a cadeia, devido a investigação do esquema de troca de votos envolvendo o programa social Cheque Cidadão, na eleição municipal, cujo candidato na época, era Dr. Chicão, vice de Rosinha.
A operação começou em setembro de 2016, quando o MPE e a PF viram um “crescimento desordenado” do Cheque Cidadão. Em apenas dois meses, o número de inscritos passou de 12 mil para 30 mil. Desde então, a operação prendeu vereadores, eleitores e outros envolvidos no caso.
Wladimir e Bruno investigados
Após as eleições de 2018, quando Wladimir se elegeu deputado federal, o Ministério Público Eleitoral do Rio Janeiro (MPE-RJ) emitiu parecer pela condenação do político, a oito anos de inelegibilidade. Na época, no âmbito da Operação Verde-Oliva, interceptações telefônicas demonstraram que o então candidato era o único autorizado a fazer carreatas no Parque Eldorado, mediante autorização do tráfico de drogas. A denúncia foi feita pelo PSOL. O deputado estadual Bruno Dauaire também foi investigado, no processo. Ambos foram absolvidos.
Telhado de Vidro
Em Março de 2008, a Polícia Federal prendeu 14 pessoas em Campos, suspeitas de participar de um esquema de fraude em licitações para a contratação de terceirizados e de empresas promotoras de shows na cidade. A operação da PF foi batizada de Telhado de Vidro, nome de uma das empresas promotoras de shows. Entre os presos estavam secretários municipais, empresários e até o procurador-geral de Campos. Um avião da Polícia federal conduziu os presos na época, para o Rio de Janeiro. Embora não tenha sido alvo de mandado de prisão, o prefeito Alexandre Mocaiber (PSB) teve a casa vasculhada pela PF e foi afastado do cargo pela Justiça Federal por 180 dias. O Ministério Público Federal pediu ainda a indisponibilidade dos bens de 21 pessoas acusadas de ligação com o grupo.

